Quem nunca viu ou ouviu histórias de pessoas que conseguiram emprego por meio do famoso "QI" (Quem Indica)? Embora seja uma prática condenável, o apadrinhamento nos processos de seleção ainda existe. Mesmo em empresas sérias encontramos sobrinhos de diretores, filhos de amigos do presidente, amigos de funcionários e por aí vai.
Ontem mesmo, estava no elevador quando uma moça dizia para a colega ao lado que deixou de ser promovida porque alguém "entrara pela janela", ficando com a vaga. A outra então falou: "Ah, a única chance de conseguir sucesso no trabalho é ter QI". Não podemos ser ingênuos em achar que a figura do "Quem Indica" já morreu.
Claro que hoje os processos de recrutamento nas companhias são muito mais sérios e rigorosos do que já foram no passado. Há um enorme espaço para os talentos, prova disso é o cenário crítico que algumas organizações enfrentam para encontrar profissionais qualificados.
Seria, então, uma desculpa para aqueles que não conseguem um lugar ao sol esse discurso do "QI"?
Digamos que sim e não. No caso dos medíocres eu diria que sim, mas precisamos reconhecer que uma mãozinha sempre ajuda. Sem network não se chega a lugar algum. O que na verdade é o "QI"? Tem tudo a ver com networking. Se por um lado existe o lado mau do "QI", há o lado bom, usado sob outro contexto.
Para driblar o problema da escassez de profissionais qualificados, por exemplo, muitas empresas oferecem bônus ou prêmios para funcionários que indicam ao RH potenciais candidatos a vagas em aberto. Microsoft e Ernst & Young são alguns exemplos. Por isso é de fundamental importância manter um bom relacionamento com ex-colegas de trabalho, headhunters e pessoas influentes.
Esse tipo de postura faz a maior diferença. De nada adianta ter gerado resultado para a empresa e ser um profissional brilhante se você não tem os contatos certos, se não se coloca na vitrine. Cada vez mais, as oportunidades aparecem para quem tem um bom networking. Se alguém da sua rede estiver contratando ou na companhia em que atua surgir vaga, provavelmente recorrerá aos conhecidos.
É o caminho mais fácil e acertado de achar o perfil desejado. A indicação acaba sendo uma espécie de referência. Então, se você é daqueles que rejeita veementemente o "QI" é bom rever seus conceitos. Comece já a articular contatos, travar novos conhecimentos, abrir portas. Faça a lição de casa e tenha certeza que na próxima você não estará se lamentando por não ter tido "QI".
Julio Sergio Cardozo é conferencista, consultor de empresas e professor livre-docente de controladoria & finanças.