Esta condição começa pela maneira com que você interage com o seu interlocutor, como recebe a informação que ele lhe dá. Você deve não só ouvir as palavras como são ditas, mas a maneira como elas são expressas. Você será capaz de perceber além do que lhe está sendo dito, identificando as reais intenções de quem fala.

A maioria dos fracassos das interações humana ocorre porque aqueles que ouvem, conscientes ou não, estabelecem barreiras ao livre fluxo da comunicação. Assim, enquanto você ouve o que lhe é dito, é importante manter a mente aberta e um sentido aguçado para bloquear julgamentos ou avaliações precipitadas, e manter-se focado e atento ao conteúdo e à forma da mensagem que recebe.

Use, além dos ouvidos, os próprios olhos para perceber adequadamente o que querem dizer-lhe. As pessoas estão permanentemente nos passando informações sobre os seus sentimentos e emoções. Estão ao nosso dispor, desde que estejamos também disponíveis e receptivos a observá-las detida e ativamente.

Como você interpretaria, por exemplo, um interlocutor curvado, com olho fixo no chão e sorridente? Ou com os braços apertados, cruzados no peito? Tais atitudes transmitem uma mensagem de ceticismo, defensiva, descrença, cinismo, sarcasmo ou discordância? Você conclui que tais atitudes indicam beligerância ou relutância, conflito ou indecisão? Ou tais atitudes significam ainda constrangimento, vergonha ou medo de humilhação?

O gerente pode evitar muitos equívocos de comunicação se compreender que nem sempre o subordinado o ouve, mesmo quando a sua atitude assim o demonstre. Voltado para as suas próprias preocupações, alheio ao diálogo por quaisquer outras razões, ou pela maneira como a informação lhe é passada, o subordinado escuta mas não ouve, simplesmente não registra o que lhe é dito.

Ouvintes superficiais podem ser colaboradores dedicados que tentam concentrar-se, mas que não conseguem absorver as mensagens que lhes são destinadas, criando assim uma série de mal-entendidos na execução de suas tarefas.

Wagner Siqueira é membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração e membro do Conselho Consultivo da FGV Empresa Junior.

Gostou? Compartilhe nas redes sociais.