cartaz

Estamos cercados de formas, cores, fotografias, letras, desenhos, marcas, grafites sobre muros, impressões gigantes afixadas sobre empenas de prédios, outdoors, cartazes colados nos ônibus, placas luminosas que explodem em nossas retinas, supermercados abarrotados de embalagens, bancas congestionadas de revistas e jornais, livrarias com mais livros do que podemos sonhar em ler, centenas de canais de TV, celulares que nos conectam a tudo e são ainda câmeras fotográficas digitais que registram cada segundo de nossas existências, milhares de "amigos" sendo monitorados para nos "relacionar", etc etc etc. Ou seja, uma infinidade de estímulos novos surgem a cada dia, gritando aos nossos olhos e disputando a nossa atenção.

Poucas peças dizem alguma coisa, poucas merecem e conquistam o nosso interesse. Ao longo de mais de um século uma delas tem sido tremendamente eficaz: o cartaz.

Para entender melhor um cartaz O tamanho de um cartaz não é propriamente o seu tamanho físico, mas a dimensão que ocupa dentro do campo visual destinado para a sua exposição. Seu tamanho é determinado pela relação ergonômica entre ele e o observador. Sua visibilidade e consequente legibilidade dependem da distância, da altura e do ângulo de visão.

O cartaz é um patrimônio do ambiente urbano. Em geral, cartazes são afixados em locais de grande circulação de pessoas e de boa visualização. Por isso, podemos afirmar que ele vai em direção às pessoas, ao contrário de outras mídias às quais o público deve se dirigir - revistas, jornais, livros, internet, cinema, televisão etc.

Quase sempre, cartazes são construídos por uma imagem e um título, originando, da soma desses elementos, um resultado muito maior do que as partes separadamente. Quanto menor o tempo de leitura disponível para a sua visualização, maior a síntese exigida.

Mas existe um outro tempo muito mais difícil de ser avaliado: o da permanência do interesse do observador. Esse tempo tanto pode ser entendido como o período de retenção do olhar como, também, o de permanência do cartaz na mente do público após ser visto. Este último é o grande "gol" a ser alcançado.

Como se deduz, para criar cartazes é preciso ser conhecedor da natureza humana e, principalmente, um grande observador das atitudes e motivações das pessoas.

Os cartazes ainda fazem sentido na era digital?

Como fechamento para reflexão, apresento uma questão: assim como tantas mídias que estão sendo avaliadas em sua eficácia, os cartazes ainda fazem sentido na era digital? Ou melhor, como será o cartaz na era digital?

Os princípios descritos ao longo do texto permanecerão válidos. O processo criativo que materializa simbolicamente a mensagem permanecerá inalterado. O que será substituído gradualmente será a plataforma do papel impresso para imagens digitais veiculadas sobre telas, painéis de leds, imagens 3D ou holográficas, ou outros meios de reprodução de imagem que ainda surgirão.

A capacidade de reação aos concorrentes fica infinitamente superior se a criação for "distribuída" em rede por meios digitais. Como ainda fazemos na maioria das vezes, por meio impresso, nos remete ao ponto central do questionamento de nosso tempo: velocidade versus lentidão. É preciso muito cuidado para não veicularmos respostas quando as perguntas já mudaram.

Por Ricardo Leite- Mundo do Marketing

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