Recentemente nosso escritório foi procurado por um lojista que, ao nos encontrarmos, abriu a conversa dizendo: - há tempos queria este contato para os projetos de minhas lojas, mas, falando francamente, me bloqueava o fato deste escritório de arquitetura atender a um concorrente meu, do mesmo ramo. Após tentativas com profissionais, não exatamente especializados em arquitetura comercial, repensei o assunto e cheguei a seguinte conclusão: se meu concorrente está se saindo bem com teus projetos, por que devo me privar da tua experiência, do teu acervo de erros e acertos? Não há sentido nisto!
E ele tem razão! Em nossa experiência em projetos de lojas, nunca houve choque de usarmos os mesmos conceitos ao lançar um projeto, senão vejamos: quais os fatores que influem ou determinam um projeto arquitetônico?
Localização - jamais teremos duas lojas no mesmo lugar!
Área - pode acontecer, lojas de mesmo porte, porém:
O Formato - a conformação do espaço nunca é a mesma, mesmo que as áreas sejam iguais.
O mix de produtos - mesmo sendo do mesmo ramo, cada loja tem seu mix próprio, sua personalidade impressa nos produtos e linhas de comercialização.
O dono(a) e sua(seu) companheiro(a) - estes são fundamentais na definição do conceito da loja, exprimirão os seus desejos, seus benchmarks que serão traduzidos pelo arquiteto em formas e cores.
O layout adotado - Onde será o caixa? Será auto-serviço ou com vendedores? Haverá crediário próprio? Vitrinas cenários ou vitrinas de preços?
A comunicação visual (e com ela a comunicação publicitária do empreendimento), como será? Direta, subliminar, vendendo conceito ou vendendo preço?
Esta lista pode seguir, mas só pelos itens acima se percebe que projetos arquitetônicos para duas lojas, mesmo com produtos e público semelhante, porém com as variações e combinações resultantes acima relacionadas, é uma impossibilidade, além do empenho do profissional em passar ao largo deste pecado mortal.
A autoria do projeto fica, assim como numa pintura pode-se identificar o pintor, mas os quadros são sempre diferentes, nas cores, na luz, no motivo. Se o pintor for bom, os quadros, mesmo diversos entre si, também serão obras de arte.
Se o arquiteto for competente na tradução dos desejos e aspirações do lojista, os espaços, mesmo diferentes entre si, venderão bem, o que, no caso, é obra de arte buscada.
Gilberto Sibemberg é arquiteto e palestrante.