É comum ao brasileiro pechinchar. Pessoas de todas as classes culturais e econômicas, desde cedo, aprender a chorar, isto é, a pedir descontos.
Seguramente faz parte da cultura do nosso povo esta negociação. Parte desta costume foi incentivada pelos comerciantes árabes que aportaram no país desde a primeira metade do século passado. Eles, com toda a simpatia que os caracteriza, tinham preços diversos para a mesma mercadoria, literalmente o preço era dado de acordo com a cara do cliente.
Isso não existe mais, o Código de Defesa do Consumidor, entre outras coisas, exige a colocação de etiquetas em todas as mercadorias, até em carros.
Mas ficou a prática da negociação. E isso é comum em lojas grandes e em lojas pequenas, salvo se a loja, como política interna tiver um preço fechado, ou seja, sem espaço para descontos; exemplo disto ocorre nas lojas de preço fixo como Dois Reais (tudo a dois reais).
Entretanto, na maioria das empresas, independente do porte, quase sempre há espaço para negociação. E quanto mais alto o valor do bem ou do serviço mais espaço haverá para a negociação.
Porém, temos que lembrar que em todo lugar cabe um sentimento que as vezes fica esquecido e que se chama respeito. Por muitas em muitas vezes o vendedor faz a função de demonstrar o produto com muita competência mas, na hora da negociação, falta o respeito. Pode ser por parte dele em não aceitar ofertas ou propostas mas, na maioria dos casos é o próprio cliente que abusa, que passa do limite do bom senso e do equilíbrio e quer, a todo custo, forçar a barra, quer literalmente pôr preço na mercadoria. E isto fica agravado quando o objeto da negociação é a prestação de um serviço. Pode ser uma costureira, um engenheiro ou mesmo um pedreiro.
Precisamos sim negociar, valorizar nosso dinheiro mas, do outro lado, precisamos lembrar que a mercadoria possui um preço mínimo e que o trabalho a ser executado possui um valor, e este valor, caro ou barato, precisa ser respeitado.
Fúlvio Ferreira - presidente da CDL Uberaba
Empresário, palestrante e consultor em comércio varejista.
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