O elogio e a crítica são duas ferramentas essenciais da gerência. Se utilizadas adequadamente, muito contribuem para o desenvolvimento da eficácia e das atitudes do empregado no trabalho. Mas o elogio precisa ser adequadamente aplicado, oportuno e realmente merecido. Pressupõe a permanente utilização de tato pelo gerente para perceber a ocasião, a objetividade para focar o problema a ser tratado, o sentido de justiça para abarcar os seus diferentes ângulos e perspectivas, a sensibilidade e a habilidade para se relacionar com os colaboradores. Sem esses pressupostos, tanto a repreensão pode perder significado e até ser contraproducente quanto o elogio pode ser igualmente ineficaz.
O elogio não é a panacéia para todos os males, capaz de curar quaisquer problemas de relações humanas. O elogio não merecido soa como um ato manipulativo, injusto, verdadeiro insulto a uma pessoa adulta.
O gerente, que tem o hábito do "elogio fácil", dirigido a torto e a direito, dá a impressão de que se contenta com pouco, e assim, inadvertidamente estimula o desempenho medíocre de seus subordinados. Tal hábito, em vez de estabelecer um clima de camaradagem e descontração, cria uma cultura de lassidão e de pouco empenho no trabalho, redundando, ao fim e ao cabo, num nível de desempenho, tanto da equipe como de seus membros, em espiral descendente de qualidade e produtividade.
Aprenda a guardar os seus elogios para eventos que efetivamente mereçam. Só assim você estimulará os seus subordinados a desenvolverem-se tanto como indivíduos quanto como profissionais.
O colaborador não se sente confortável em receber um elogio por algo que realizou, se os seus colegas o fazem igualmente tão bem quanto ele. Mas, se mesmo assim, o seu elogio contribui para melhorar o desempenho do colaborador, transmita o seu reconhecimento de forma reservada, e agradeça os esforços que ele faz para progredir.
Os elogios abundantes por uma realização espetacular parecerão palavras ou gestos vazios se não forem associados a alguma forma de reconhecimento. O que quer que você faça para assegurar o reconhecimento ao bom trabalho, não deixe de certificar-se se as suas palavras não soam como agradecimentos destituídos de concretude, se não transparecem ser apenas gestos ou palavras ocas.
Nunca se valha do elogio para um colaborador de bom desempenho para incitar ou cutucar os demais. Esta é certamente uma forma insidiosa de suscitar ressentimentos, contaminando o clima de solidariedade e de cooperação que deve presidir o comportamento de pessoas voltadas a propósitos comuns. Aqueles que são avaliados como tendo desempenhos excelentes podem exercer um papel bastante positivo na construção da equipe, induzindo os seus colegas a um desempenho crescentemente melhor. Mas, se os demais percebem que o elogio pode ser uma critica dissimulada a eles, certamente será contraproducente. Farão de tudo para sabotar o "Caxias", e o desempenho de todos afrouxará. Mais do que destacar que todos o devem imitar, deixe-os normalmente perceber o quanto você valoriza, reconhece e aprecia o bom desempenho.
Wagner Siqueira é Presidente da Escolinha de Artes do Brasil