Nos últimos anos o consumo no Brasil cresceu muito. E continua crescendo. "Nunca na história deste país se comprou tanto". E de tudo. Sapatos, geladeiras, móveis, viagens, carros, eletrodomésticos enfim, de tudo! E parte significativa destas compras, mormente os bens de valor médio e alto, foram feitas com base em algum tipo de financiamento.
Quando se compra um produto usando financiamento na verdade se compra, além da mercadoria, o dinheiro. E o custo do dinheiro é chamado de juro. Tecnicamente é a "remuneração do capital". Traduzindo: você queria comprar alguma coisa e não tinha dinheiro. Aí uma instituição financeira ou mesmo a loja lhe empresta dinheiro e você faz a compra e fica devendo o produto e o dinheiro.
Na maioria das vezes, quando se faz uma compra com algum tipo de financiamento, a principal preocupação é fazer com que a prestação caiba no seu orçamento. Em raros casos o cliente tem ciência das taxas de juros cobradas ao longo do financiamento, além de outras como abertura de crédito por exemplo. Porém esquece que o dinheiro tem valor atual mas a mercadoria comprada terá o seu valor diminuído dia-a-dia. O mais comum exemplo ocorre quando se compra um carro. No momento da compra ele vale X e você deve Y que é o valor formado pelo preço atual do bem mais o custo do dinheiro. Então você compra o carro e o utiliza e paga as prestações. Mas tempos depois, por alguma razão, resolve vendê-lo. Então terá a surpresa que o veículo pode valer menos que o valor da dívida que você ainda tem que pagar. Isto ocorre exatamente porque o valor do bem cai e o valor do dinheiro permanece atual entre outros fatores.
Assim, na hora de comprar um bem usando financiamento, muita atenção. Se informe sobre as taxas de juros e outros encargos. Usando a expressão popular: meça a água com o fubá. Não se deixe levar apenas pelo aroma da canela mas lembre-se de que o mingau quente pode lhe queimar!
Fúlvio Ferreira, conselheiro da CDL Uberaba, em depoimento ao "Coluna Sete", da Rádio Sete Colinas, AM-1120, de Uberaba-MG