Roberto Alfeu *
Belo Horizonte experimentou, no início da década de 60, um vigoroso processo de transformação. Nesta época, as casas começaram a dar lugar aos arranha-céus, surgiram novas avenidas e novos bairros na cidade, houve um expressivo crescimento das indústrias, do setor financeiro e do comércio. Foi neste cenário que nasceu o Clube de Dirigentes Lojistas (CDL), mais precisamente no dia 28 de junho de 1960, para defender os interesses e fomentar a união da categoria, além de criar condições para o desenvolvimento técnico do empreendedor lojista.
Estamos, pois, completando meio século de existência e temos bons motivos para celebrar. Nesses 50 anos, a CDL, hoje Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, não se limitou a cumprir o seu principal papel, que é defender os interesses do comércio e do setor de serviços. Ao contrário, a entidade participou ativamente da vida da cidade, se aliando com o Poder público e outros parceiros, trabalhando para transformar a nossa capital num local melhor para se viver.
Por definição, a CDL/BH é uma associação civil, representativa de classe, sem fins econômicos e apartidária. Mas ouso dizer que somos mais que isso. Somos, hoje, uma agência de desenvolvimento, que se preocupa e trabalha para que todos os setores de atividade econômica da cidade cresçam, se desenvolvam, gerem emprego e renda para a população.
São inúmeras as iniciativas da CDL em prol do comércio, mas também em benefício da cidade. Nasceu dentro da entidade, por exemplo, o projeto Olho Vivo, desenvolvido em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte e o governo de Minas, para a instalação de câmeras de monitoramento no centro da cidade, em pontos onde foram detectados altos índices de violência. Como resultado, os índices de criminalidade caíram cerca de 40%.
Teve origem também na CDL o projeto de recuperação da rua dos Caetés, na região central. Como conseqüência, conforto, segurança e melhoria na circulação para os cerca de 27 mil pedestres que passam pelo local diariamente. Com o projeto Sempre Savassi, a entidade vem trabalhando para a requalificação da região, de forma a recuperar a sua história, devolvendo para suas ruas o requinte e o glamour de décadas passadas e, ao mesmo tempo, resgatando o conceito de rua como área de permanência das pessoas.
A CDL teve também papel decisivo na realocação dos camelôs da região central para locais de trabalho mais adequados e seguros, devolvendo à população o direito de circular livremente por ruas antes totalmente ocupadas pelos vendedores ambulantes. Tem sido também uma bandeira permanente da entidade a luta pela redução da carga tributária, uma vez que pagamos impostos de primeiro mundo e recebemos, em troca, serviços de quinta categoria. Aliás, no primeiro ano de sua fundação, em 1960, a CDL já fez uma campanha para combater a elevação da alíquota do ICMS.
Mais recentemente, a entidade esteve à frente do movimento que lutou pela unificação das máquinas leitoras de cartão de crédito, o que vale dizer que desde 1º de julho os estabelecimentos comerciais de todo o Brasil podem passar, num mesmo terminal, cartões de qualquer bandeira.
Responsabilidade social tem sido outro pilar da CDL/BH, papel que ela exerce por meio da Fundação CDL Pró-Criança, beneficiando milhares de crianças e adolescentes com programas voltados para a educação, cultura, formação profissionalizante, assistência social e saúde.
Mas temos também a rádio CDL, um canal de comunicação com o mercado varejista e o público consumidor; o CDL Jovem, que tive a honra de presidir, criada para estimular o aparecimento de novas lideranças no comércio; a Junior Achievement, para despertar o espírito empreendedor nos jovens; a Faculdade de Tecnologia do Comércio (Fatec Comércio), que oferece cursos técnicos, de extensão, superiores e de pós-graduação, abertos à comunidade; e a Coopercrédito, que oferece produtos tipicamente bancários para atender às necessidades dos cooperados.
Sempre pensando em prestar um melhor serviço aos seus associados, a CDL/BH implantou, em 2006, um novo modelo de gestão, baseado em desempenho, que hoje é exemplo para as CDL´s de várias partes do país. Além de profissionalizar a gestão, a nova ferramenta nos permitiu traçar metas muito promissoras para o futuro, sintonizadas com os nossos valores fundamentais, que são Paixão, Realização e Relacionamento.
Não podemos nos esquecer que desde a década de 60 a CDL também oferece a seus associados o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), a maior rede de informações de crédito do país. Esse serviço auxilia na concessão de crédito, ajudando a reduzir a inadimplência e a desenvolver o mercado de consumo.
Ao completarmos 50 anos temos, necessariamente, que olhar para trás e parabenizar o trabalho desenvolvido por todos os presidentes e diretores que ajudaram a consolidar a CDL/BH como uma importante entidade de defesa do comércio e da nossa cidade. Da mesma forma, precisamos saudar os nossos funcionários, igualmente fundamentais para fortalecer e ampliar o trabalho que a CDL vem implementando ao longo dessas cinco décadas.
Trabalho este que vai continuar pelos próximos anos. Em uma comunidade em que a indústria vai bem, onde há empregos, segurança, qualidade de vida, boas escolas, bons serviços de saúde, boas opções de lazer e justiça social, as pessoas, certamente, se sentirão felizes. E, como conseqüência, o comércio dessa cidade vai continuar crescendo, gerando mais postos de trabalho e renda para a população.
Celebremos, pois, 50 anos de vida da CDL/BH com a convicção de que vamos continuar trabalhando para representar bem a nossa categoria e com a certeza de que continuaremos sendo protagonistas na permanente campanha para melhorar, a cada dia, a qualidade de vida da cidade e de milhares de pessoas que nela vivem.
• Roberto Alfeu é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH)