O velho conceito estratégico de "frente interna" é o que mais se presta hoje para retratar uma dinâmica realidade em curso no mundo empresarial.
Na verdade, porém, nunca a frente interna esteve tão ativa: quando diminui a demanda do mercado, a disputa se volta, não tanto para o aumento global das vendas, mas muito mais para a conquista de melhores fatias do mercado.E, se o volume físico dos negócios diminui, sua intensidade aumenta.
Isso provoca uma situação extremamente mutável: como nas nuvens da política e da economia, sucedem-se os lances, as oportunidades e as presas. O quadro muda dia-a-dia. A situação exige das empresas muita flexibilidade, presteza de decisão, mecanismos ágeis, processos informacionais eficientes e rápidos.
Quando a competição se acirra - e não há competição mais intensa que a dos momentos de crise -, cresce a importância da qualidade dos produtos, da eficiência do marketing, da agilidade da empresa em relação ao mercado.
Contraditoriamente, é uma guerra de posições que se trava na forma de uma guerra de movimentos.
Esse fenômeno coloca para as empresas uma necessidade vital: quadros altamente qualificados. As estruturas e as tecnologias não funcionam sozinhas. São postas em movimento, dirigidas e modificadas por pessoas. E por pessoas preparadas para isso. No caso, os administradores profissionais, homens e mulheres formados para enfrentar as características próprias da guerra imposta pela globalização.
A vida às vezes nos prega peças, outras vezes nos surpreende, mas sempre nos ensina. E agora, mais uma vez, está dando outra lição a todos - profissionais, empresários e governantes. É uma lição básica e decisiva: sem gestão profissionalizada a guerra estará perdida.
Wagner Siqueira é vice-presidente da Escolinha de Artes do Brasil e membro do Conselho Consultivo da FGV Empresa Junior.