É inegável que 2009 foi um ano difícil. Infelizmente, preciso discordar do nosso presidente Lula. A crise não foi uma "marolinha". As empresas demitiram, cortaram talentos, revisaram orçamentos, congelaram projetos e investimentos.

Olhando para os anos que virão, tenho total convicção de que nada será igual daqui para frente. Assistiremos a uma mudança de paradigmas. As organizações fizeram a lição de casa e adotarão estratégias focadas na gestão de custos. Acabou-se a era da irracionalidade. Mas engana-se quem pensa que minhas previsões são negativas. Muito pelo contrário.

Empresas capitalizadas, com caixa sobrando, foram às compras. O intenso movimento de fusões e aquisições foi um termômetro do que estou dizendo, sobretudo nos terceiro e quarto trimestres.

E preparem-se para assistir a novas jogadas em 2010. Os IPOs estarão de volta com toda força. Talvez só em 2011, mas muitas Empresas começam a se preparar nos bastidores para arrancadas. Alguns setores impulsionam a economia como o de construção civil, varejo, o automobilístico e o de tecnologia da informação.

Vários executivos de multinacionais instaladas no Brasil têm recebido de suas matrizes, neste final de ano, a missão explícita de expandirem o faturamento. Outros motores de aquecimento da economia têm o componente de governo, a exemplo da prorrogação dos incentivos fiscais para a indústria de informática, com isenção de PIS e COFINS, anunciada em dezembro pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também promete continuar favorecendo o varejo.

Do mesmo jeito que os novos benefícios concedidos por quatro meses aos setores moveleiro e da construção, ao lado da suplementação de 80 bilhões de reais para o BNDES financiar investimentos e o desenvolvimento produtivo em 2010 e 2011, sinalizam para um mercado interno cada vez mais robusto. Tanto que há previsões de crescimento do PIB para 2010 da ordem de 5%. Ou seja, o crescimento será intenso, reflexo da demanda represada em 2009.

Julio Sergio Cardozo é conferencista, consultor de empresas e professor.

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